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CENTRO DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA ”Prof. Alexandre Vranjac” O TRATAMENTO DA DEPENDÊNCIA DA NICOTINA PORQUE TRATAR A NICOTINO-DEPENDÊNCIA?
O tabaco contém nicotina, que dentre todas as substâncias resultantes de seu consumo, é
uma droga psicoativa, responsável em causar elevada dependência física e psicológica, podendo
viciar o fumante durante o prazo de um a três meses, trazendo cumulativamente graves
conseqüências no organismo ao longo de seu uso.
Após a dependência estar estabelecida a dificuldade em abandonar o tabaco é alta, e
geralmente proporcional ao número de cigarros ou outro produto de tabaco utilizado, assim como
ao tempo de consumo dessa potente droga que é a nicotina1.
Embora exista diferentes outras formas de utilização do tabaco, além do cigarro, este último
é a causa mais comum de dependência da nicotina, e a maioria dos dados disponíveis sobre essa
dependência são originados de pesquisas de consumidores de cigarro, dessa forma, neste
capítulo, quando se utilizar o termo cigarro, o mesmo pode ser generalizado por outras formas de
Apesar das propriedades aditivas da nicotina e as dificuldades acima citadas, a cessação do
uso do cigarro é possível e necessária, sendo essencial para manutenção da saúde.
É importante ressaltar que independente do método utilizado para a cessação do vício de
fumar, os melhores resultados serão alcançados quando o dependente de nicotina estiver
altamente motivado a abandonar o uso do cigarro. Estudos demonstram que 80% dos fumantes
desejam parar de fumar, porém apenas 3% conseguem parar sozinhos a cada ano e desses
últimos, mais de 90% o fazem por auto decisão2,3,4,5,16 .
Segundo CINCIPRINI2 , (1997), a incidência de dependência à nicotina chega a alcançar 70
a 90% entre os fumantes, reforçando o tabagismo como uma doença, uma dependência que
A Organização Mundial de Saúde – OMS, utilizou para a nicotina, as mesmas diretrizes
usadas para avaliar a presença de síndrome de dependência em outras drogas psicoativas, sob o
indicador F17 (transtornos mentais e do comportamento decorrentes do uso do tabaco), e incluiu
desde 1993, o tabagismo como doença, na décima e última revisão da Classificação Internacional
Com relação ao potencial adictivo da nicotina, pesquisas demonstram que a nicotina vicia
com mais facilidade que a heroína, e é mais letal que a maconha, sendo no entanto mais
Pesquisa Nacional sobre o uso de drogas, realizada pelo Departamento de Saúde dos
Estados Unidos em 2001, aponta que entre várias drogas estudadas (nicotina, heroína, cocaína,
maconha, álcool, entre outras), a nicotina aparece em primeiro lugar como a droga de maior
acessibilidade, apresentando também o mais elevado percentual de poder de vício, sendo a droga
de maior letalidade, e a que mais precocemente é utilizada pelas crianças e adolescentes, em
Os dados acima apontados reforçam a necessidade de investimentos cada vez mais amplos
em técnicas de cessação de fumar, portanto neste capítulo estaremos enfocando sobre medidas
utilizadas para deixar de fumar, as principais dificuldades encontradas, e os avanços terapêuticos
Antes de detalhar sobre os principais métodos destinados a parar de fumar, torna-se
importante deixar claro que a maioria desses métodos ainda são tidos como elitistas, tendo em
vista o elevado custo dos medicamentos de primeira linha, assim como pelo fato das terapias de
acompanhamento do fumante serem longas, feitas geralmente por várias seções e inúmeros
retornos, o que demanda ao fumante uma série de tarefas e condições sociais de participação,
que requer tempo e recursos financeiros que grande parte deles não possuem17.
Contudo, apesar dessas condições desfavoráveis, diferentes esforços e estratégias devem
ser utilizados para que cada vez mais se invista no tratamento do fumante.
Atualmente reconhece-se que os esforços para a cessação de fumar reduzem a mortalidade
pelo tabagismo em um prazo mais curto do que a prevenção da iniciação no comportamento de
fumar3, e que sempre será positivo ajudar um paciente a deixar de fumar, em qualquer momento
de sua vida, independente de sua condição clínica10.
O tratamento do fumante quando comparando com outras intervenções na área da saúde, é
dos que apresenta a melhor relação custo benefício. Estimativas de custo benefício de uma breve
abordagem ao fumante pelo médico, mostram que se apenas 2,7% a 3,7% dos fumantes
deixassem de fumar através desse tipo de abordagem, o custo estimado por ano de vidas salva
seria em torno de U$748,00 a U$ 2.020,00, cifra esta, bastante inferior ao custo do tratamento da
hipertensão arterial leve a moderada que fica aproximadamente entre U$11.300,00 à U$
24.408,00; assim como da hipercolesterolemia, que fica entre U$ 65.511,00 à U$ 108.189,00 e do
infarto que fica em torno de U$55.000,0022,23.
No Brasil, existe uma crescente demanda por tratamento da dependência à nicotina nos
serviços públicos de saúde. Esse aumento da demanda resulta de uma maior conscientização da
população quanto aos riscos do tabagismo, e também pelo conhecimento de que o Serviço Único
de Saúde já pode oferecer tratamento gratuito aos fumantes.
Essa demanda ainda é bastante reprimida, porém, através da portaria ministerial 1.575 de
29 de agosto de 2002, publicada no DOU de 03 de setembro do mesmo ano, ampliaram-se as
possibilidades de atendimento ao fumante, tendo em vista que com essa medida o tabagismo
passa a ser abordado e tratado na lógica do Sistema Único de Saúde - SUS, com a criação dos
Centros de Referência em Abordagem e Tratamento do Fumante em todo o território brasileiro.
Sendo assim, a perspectiva de apoiar os dependentes de nicotina que desejam parar de
fumar, passa a figurar como uma das principais estratégias de controle do tabagismo, em nosso
país, tornando-se parte da política de saúde pública nacional.
Espera-se também, que essa importante medida de controle do tabagismo, que é uma das
pioneiras em todo o mundo, possa servir de exemplo para outros países, estimulando-os à criação
de Centros de Atendimento aos Fumantes, para toda população dependente da nicotina,
ampliando dessa forma o acesso ao tratamento do tabagismo.
MÉTODOS DE TRATAMENTO DA NICOTINO-DEPENDÊNCIA
De acordo com LARANJEIRA & GIGLIOTTI11, de uma forma mais geral, existem
métodos indiretos e diretos na cessação do fumar.
Métodos que influenciam o fumante à deixar de fumar, sem apresentar um contato
direto com ele, são os indiretos (realização de campanhas educativas de controle do tabagismo,
aplicação de medidas legislativas como proibição de fumar em locais públicos, aplicação de
medidas econômicas como a elevação dos impostos sobre o preço do cigarro). Já os métodos
que envolvem a utilização de psicoterapia, medicamentos farmacológicos, ou aconselhamento de
um profissional de saúde, são os conhecidos como métodos diretos.
Os métodos diretos apresentam custo mais elevado, se moldando como um
tratamento clínico, conseguindo portanto atingir um menor número de fumantes, mas atingindo
uma taxa de abstinência superior aos métodos indiretos, os quais por sua vez, se apresentam com
ênfase na saúde pública, tem um menor custo, conseguindo atingir um maior número de fumantes,
porém uma menor taxa de abstinência11.
Independente do tipo de tratamento, o grande objetivo é levar o dependente da
nicotina a locomover-se de um estágio de mudança para outro no sentido da AÇÃO (abandonar o
Em relação estágio de mudança, de comportamento, PROCHASKA &
DICLEMENTE12,13,14,15,16, desenvolveram um modelo transteórico de mudança de comportamento,
baseado em aspectos cognitivos e motivacional do fumante, dividido em 5 diferentes estágios
1- Pré contemplação:- Nesse estágio o indivíduo não está intencionado a tomar
decisões em relação à mudança de comportamento, frente a uma situação de risco.
Geralmente, nesse estágio, o dependente de nicotina não considera a possibilidade
de deixar de fumar, nem se preocupa com essa questão, eles vêem mais prós do que contras no
ato de fumar e negam os malefícios do tabaco à saúde.
2- Contemplação:- É o estágio onde as pessoas tem consciência do risco e possuem
intenção em fazer mudanças frente ao comportamento de risco, mas ainda não marcaram uma
data para essa mudança, e estão na fase de avaliar os prós e os contras, se encontrando portanto
Nessa fase geralmente o fumante admite que o tabagismo é um problema, e planeja
seriamente deixar de fumar nos próximos 6 meses; encontra um pouco mais contras do que prós
no ato de fumar, entretanto, em caso de dúvida, não para de fumar.
Esse estágio pode demorar apenas minutos ou pode se estender por anos.
3- Preparação para ação:- Nesse estágio os indivíduos já estão procurando
soluções para o problema e já iniciaram o planejamento da mudança de comportamento.
É nesse estágio que o fumante considera seriamente que precisa parar de fumar
dentro do próximo mês, e começa intuitivamente a usar técnicas comportamentais para deixar o
4- Ação:- Nesse estágio as pessoas tomam as medidas necessárias para efetuar a
mudança de comportamento, é onde as mudanças concretas são feitas.
É durante esse estágio que o fumante abandona o cigarro e para de fumar, sendo
reconhecido como uma fase bastante instável em relação ao tempo gasto para deixar de fumar,
tendo em vista que muitos evoluem parando de fumar em poucos dias e outros não conseguem
5- Manutenção:- É nesse estágio que se percebe concretamente as mudanças no
O fumante geralmente utiliza nesse estágio, mecanismos comportamentais de
adaptação ao meio sem cigarro, podendo mudar seus hábitos de rotina como por exemplo evitar
café e álcool. É uma fase de trabalho contínua para manter os ganhos adquiridos no estágio
anterior (ação) e para ficar atento para não voltar a fumar.
Geralmente essa fase varia de 6 meses a anos após a pessoa ter deixado de fumar,
sendo que alguns indivíduos podem apresentar recaída, voltando a fumar, retornando a qualquer
Esse modelo transteórico de mudança de comportamento de Prochaska e
Diklemente, foi sendo adaptado com o passar do tempo, e seu conhecimento atual é importante
para que o profissional de saúde possa reconhecer o grau de motivação em que o fumante se
encontra no momento da consulta, adequando sua abordagem a este grau10.
Fumantes num estágio inicial de mudança devem precisar de tipos de programas
menos intensivos e mais longos, para que se possa acompanhá-los através do ciclo de parar de
fumar, e movê-los com sucesso até o estágio de ação, já os dependentes de nicotina num estágio
mais tardio devem se beneficiar de tipos de intervenção mais intensas, e orientadas para a ação11.
Com relação ao método direto, acima comentado, existem vários modelos de tratamento
propostos para cessação da dependência à nicotina, e segundo HAXBY (1995)18, a escolha do
modelo mais adequado ao tratamento do fumante depende de uma boa avaliação inicial em que
devem ser levados em consideração fatores extrínsicos como por exemplo do modelo disponível e
das condições socioeconômicas , mas também fatores intrínsecos como por exemplo da
motivação do paciente e do diagnóstico.
De acordo com pesquisadores americanos e ingleses, o tratamento do fumante pode ser
definido a partir do consumo de cigarros (gravidade e problemas associados) e a modalidade de
Como existem várias modalidades de intervenção, para uma visão mais didática, estaremos
dividindo a seguir, os diferentes modelos de tratamento do fumante em 3 diferentes tipos (método
comportamental, método medicamentoso, outros métodos):
I- MÉTODO COMPORTAMENTAL:-
O método comportamental baseia-se na teoria de que os processos de aprendizagem
operam no desenvolvimento, manutenção e cessação do fumo. O objetivo desse tipo de método é
mudar os antecedentes (incluindo cognições) a respeito do fumo, reforçar o não fumar e ensinar
habilidades para evitar o cigarro em situações de risco.
O método comportamental é uma das estratégias mais indicada para ajudar um fumante a
deixar de fumar, tendo em vista que deixar de fumar é um processo, que na maioria das vezes
leva tempo, envolvendo mudança de comportamento16.
Dentro os métodos comportamentais, a terapia comportamental breve, também conhecida
como intervenção breve em grupo ou individual é considerada um método de primeira linha19.
Esse modelo de tratamento é mais estruturado, podendo ser utilizado em qualquer nível de
atenção à saúde, tendo em vista seu simples formato e facilidade de treinamento26. Nesse tipo de
terapia, a abordagem mais utilizada é a grupal27,28.
MEIRELLES et al (2000), FIORE (1996), JARVIK & HANNEFIELD (1993) e
ORLEANS (1993), afirmam que existem dois tipos de abordagem para cessação do fumo (a
A abordagem mínima é aquela que consiste em uma intervenção breve, objetivando
aconselhar, preparar e acompanhar o fumante no processo de cessação de fumar, não
necessitando de uma estrutura física própria. Já a abordagem intensiva é aquela que necessita de
uma assistência estruturada, com local próprio, dentro da unidade de saúde, e profissionais
treinados e especificamente envolvidos para este fim10.
Tendo em vista que a abordagem mínima não exige uma infra-estrutura em relação à
área física, recursos humanos qualificados e investimentos financeiros, ela consegue alcançar um
número maior de fumantes, porém apresenta uma menor taxa de cessação, que segundo
ORLEANS (1993), gira em torno de 5 a 10%. A Abordagem intensiva, pelo fato de ser mais
seletiva, apresenta um menor alcance em termos de saúde pública, entretanto, apresenta
resultados melhores em relação a taxa de cessação, que chega a atingir 20 a 30%25.
A abordagem mínima é uma abordagem comportamental, que estimula a mudança de
hábitos do dependente de nicotina, fazendo o fumante entender o que faz ele fumar e como pode,
ao parar de fumar, passar por situações em que normalmente fumaria sem que ele tenha uma
recaída10. Esse tipo de abordagem consiste em algumas estratégias e informações básicas que
devem ser realizados pelos profissionais de saúde, para apoiar o fumante que quer deixar de
Essas estratégias e informações geralmente poderão ser aplicadas em um período de
3 a 5 minutos dentro de uma consulta de rotina e são conhecidas como PAAPA
(Perguntar/Avaliar, Aconselhar, Preparar e Acompanhar)10;20.
Glynn & Manley (1989) abordam sobre estas técnicas, no manual intitulado “Como
ajudar seu paciente a deixar de fumar”, referindo ser estratégias simples, cujo uso deve ser
recomendado aos clínicos, pois as mesmas não interferem na rotina de suas consultas32.
A seguir estaremos detalhando cada uma dessas estratégias que foram amplamente
discutidas e registradas no Consenso sobre Abordagem e Tratamento do Fumante do Instituto
PERGUNTAR/AVALIAR:
Essa estratégia refere-se a perguntar sempre para seu paciente sobre o uso de
cigarro, e caso seja fumante, deve investigar sua história tabagística, tendo como objetivo:
identificar o perfil do fumante, avaliar o seu grau de dependência à nicotina, e o grau de
motivação, e posteriormente registrar em seu prontuário. Esses dados devem ser valorizados pelo
profissional de saúde como se fossem um sinal vital10.
Seis perguntas deverão ser feitas e registradas no prontuário do paciente:
1- Você fuma? Há quanto tempo?
Essa pergunta fornece informações sobre a condição do fumante, e também sobre o
tempo de exposição à nicotina e outras substâncias tóxicas do cigarro.
Com a resposta a essa pergunta poderemos definir se o paciente é um fumante em
experimentação, ou se apresenta em uso regular. Segundo a Organização Mundial da Saúde, se o
fumante diz fumar 5 cigarro por dia e ter começado a fumar há 15 dias, ele ainda não é um
fumante regular e encontra-se em fase de experimentação.
2- Quantos cigarros você fuma por dia? 3- Quanto tempo após acordar você acende o 1º cigarro?
As perguntas 2 e 3 informam sobre o grau de dependência à nicotina. Estudos
mostram que pacientes que fumam 20 ou mais cigarros por dia e/ou acendem o primeiro cigarro
até meia hora após acordar, possivelmente, terão mais dificuldades em deixar de fumar por
apresentarem uma dependência química mais intensa, podendo necessitar de uma abordagem
diferenciada com utilização de tratamento farmacológico.
4- O que você acha de marcar uma data para deixar de fumar? Em caso de resposta afirmativa, perguntar: Quando? 5- Já tentou parar? (se a resposta for afirmativa, fazer a pergunta 6).
As perguntas 4 e 5 informam a respeito do grau de motivação para cessação do
tabagismo. Geralmente, fumantes que já tentaram ou mostram interesse em largar o cigarro
estarão mais propensos a receber essa abordagem.
A partir dessas perguntas, pode-se ter um diagnóstico situacional do paciente no que
diz respeito a avaliar em que fase motivacional para deixar de fumar (estágios de Prochaska e
Diclemente) se encontra o fumante, podendo dessa forma adequar as mensagens motivacionais de
6- O que aconteceu?
Essa última pergunta ajuda a identificar o que colaborou ou não na tentativa de
abandono do cigarro, sendo que os motivos que atrapalharam devem ser trabalhados na próxima
Ressalta-se que essas 6 perguntas são importantes para dar algumas informações
úteis para abordagem inicial ao fumante, sendo que logo após, deve-se passar para a próxima
estratégia, que consiste em “aconselhar” o paciente fumante a deixar o cigarro.
ACONSELHAR:
Essa estratégia refere-se a explicar os malefícios do consumo do cigarro, assim como
os benefícios encontrados no ato de cessação do fumar.
O aconselhamento deve ser personalizado e adaptado à fase em que o fumante se
encontra no momento da consulta. Geralmente o profissional de saúde poderá identificar 5
situações básicas quanto ao grau de motivação do paciente (fumante que não deseja parar de
fumar, fumante que deseja parar de fumar, mas ainda não está pronto para a ação, fumante em
recaída, Fumante em abstinência, fumante pronto para a ação).
Nas 4 primeiras situações devemos aconselhar o fumante, já na quinta situação
pode-se preparar o fumante para a cessação.
1ª Situação: Quando o fumante não deseja parar de fumar.
Nesse caso a intervenção motivacional deve ser dirigida aos fatores que tornam a
cessação de fumar relevante para o paciente. Deve-se então identificar que razões e medos os
impedem a pensar em deixar de fumar, e os que já pensam em parar de fumar, que razões e
O fumante deve ser estimulado a pensar sobre deixar de fumar, portanto forneça
material educativo sobre o assunto e volte a discutir com ele sobre a cessação na próxima
Nessa 1ª situação o fumante deve ser abordado com firmeza, porém, sem
agressividade ou demonstrações de preconceito (fumante visto como um fraco, um indivíduo sem
força de vontade, sem caráter). É importante que o profissional de saúde tenha uma postura
acolhedora, mostrando-se compreensivo com o problema do paciente e disposto a apoiá-lo no
Como o conhecimento sobre alguns riscos relacionados ao tabagismo é para alguns
fumantes um fator relevante que poderá motiva-lo a cessação do tabagismo, certifique-se de que o
fumante conhece os riscos de adoecimento relacionados ao ato de fumar, e se esse tipo de
argumento é relevante para ele, caso seja positivo, informe-o sobre os riscos para a própria saúde
Em relação aos riscos para a própria saúde, lembre-se de alertá-lo daqueles a curto
prazo com por exemplo a baixa resistência, risco de impotência, riscos para gravidez,
exacerbação de bronquite, asma, aumento do nível de monóxido de carbono no sangue; assim
como dos riscos a longo prazo como o infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral, câncer de
pulmão e outros tipos de câncer e doença pulmonar obstrutiva crônica.
Em relação aos riscos do fumo passivo, é importante o fumante ser alertado que a
exposição de crianças pequenas e, especialmente, bebês à fumaça do cigarro alheio aumenta em
50% o risco deles terem infecção respiratória baixa, como por exemplo pneumonia,
broncopneumonia, bronquite e bronquiolite, assim como aumenta em 60% o risco da síndrome da
morte súbita infantil. Ainda que, há um risco 30% maior do surgimento do câncer de pulmão e 25%
maior de infarto de miocárdio entre não fumantes que convivem com fumantes em casa e/ou no
trabalho, quando comparados com não fumantes que não são expostos ao fumo passivo.
Outro ponto a ser destacado em relação ao fumo passivo, é que o fumante que fuma
em ambientes fechados estará aumentando a sua exposição e o seu risco, pois a fumaça que sai
da ponta do cigarro chega a ter 3 vezes mais nicotina, 3 vezes mais monóxido de carbono e até 50
vezes mais substâncias cancerígenas do que a fumaça que ele traga.
Outro aspecto importante a ser lembrado é que fumar cigarros light ou de baixos
teores não elimina o risco de um fumante vir a ter as doenças tabaco-relacionadas, pois ao mudar
para marcas light, o fumante passa a fumar uma maior quantidade de cigarros, e a tragar com
mais intensidade para regular o nível de nicotina no seu sangue.
Além de falar sobre os riscos é nessa 1ª situação que se deve falar também sobre os
benefícios na cessação, enfatizando que os mesmos se manifestam para quem deixa de fumar,
independente da idade. Fumantes que deixam de fumar antes dos 50 anos de idade apresentam
após 16 anos sem fumar, uma redução de 50% no risco de morte por todas as doenças tabaco
relacionadas em relação aos que continuam fumando. Por volta dos 64 anos, o risco de
mortalidade é similar ao daqueles que nunca fumaram da mesma idade.
É importante informar ao fumante que os danos produzidos pelo cigarro é cumulativo,
sendo assim, quanto mais cedo se começa a fumar, maiores são os riscos e quanto antes se
deixa de fumar, maiores são os benefícios31.
Os benefícios que surgem com a cessação do fumar, e que devem ser mencionados
Benefícios para saúde:
- Após 2 minutos a pressão arterial e a pulsação voltam ao normal;
- Após 3 semanas a respiração se torna mais fácil e a circulação melhora;
- Após 1 ano o risco de morte por infarto do miocárdio se reduz à metade;
- Após 5 a 10 anos o risco de sofrer infarto será igual ao das pessoas que nunca fumaram;
- Após 20 anos o risco de contrair câncer de pulmão será igual ao dos não fumantes.
Benefícios Econômicos:
- O fumante pode ser questionado sobre o quanto gasta com a compra do cigarro e quanto ele
economizará deixando de fumar. Calcule o quanto ele gasta por mês ou ano e relacione o
montante final com o que ele poderia fazer ou comprar.
No quadro29 a seguir apresentaremos um exemplo de como orientar um fumante sobre os
benefícios econômicos adquiridos ao deixar de fumar;
Quadro 1- Benefícios que se podem adquirir com o valor mensal que se gasta com o consumo Marca de cigarro HOLLYWOOD MALBORO Situação Gasto Mês* O que seria possível adquirir com esse
CD e ir ao - Alugar 12 -Assinar um jornal, ir
* Valor obtido da Receita Federal no ano de 2002
Outros Benefícios:
- Melhora da coloração dos dentes e vitalidade da pele;
- Não ter de se preocupar se estará incomodando outras pessoas ao fumar;
- Ter uma melhora no desempenho das atividades físicas;
- Estar contribuindo para redução dos danos ao meio ambiente.
Lembre-se de repetir a intervenção motivacional sempre que o paciente retornar para
uma consulta, aproveitando esse momento para novamente perguntar, avaliar e aconselhar.
2ª Situação: O fumante deseja parar de fumar, mas não está pronto para a ação.
Geralmente os fumantes sentem medo do fracasso e, por isso, embora queiram parar
de fumar sentem-se inseguros e não tentam. Nessa situação é de suma importância que o
profissional de saúde procure identificar os medos e as barreiras que podem estar bloqueando a
motivação do paciente no sentido de partir para a ação.
Para cada barreira encontrada existe algumas orientações a ser fornecida ao
fumante, que o fará caminhar para a ação. No quadro 2, a seguir, estaremos correlacionando essa
Quadro 2: Orientações a serem oferecidas ao fumante de acordo com o tipo de barreira que se
apresenta para ele partir para a ação.
Barreiras Orientações a serem fornecidas ao fumante
Sintomas da Síndrome de Abstinência Geralmente os fumantes apresentam os sintomas da síndrome de
abstinência (dor de cabeça, tontura, irritabilidade/agressividade,
insônia, depressão, aumento do apetite, desconforto abdominal,
dificuldade de concentração, despertares noturnos, fissura, entre
outros), que duram no máximo 1 a 3 semanas, (com exceção da
fissura), sendo que alguns fumantes apresentam vários deles, outros
apenas alguns, existindo também aqueles fumantes que não
apresentam nenhum deles. O fumantes que apresentam esses
sintomas, os tem em grau variáveis de intensidade e são favorecidos
pela pressão social (atividades diárias, relacionamentos, situações
A fissura é uma manifestação bastante comum, que geralmente se
inicia algumas horas após o fumante deixar de fumar, com intensidade
elevada e que tende a tornar-se cada vez mais esparsa com o passar
do tempo, sendo que cada episódio da fissura não dura mis que 5
minutos, e depois desaparece. Pode permanecer por meses, porém
com intervalos longos e intensidade reduzida.
Existem estratégias para lidar com esses sintomas (exercícios
respiratórios, mudança de atividade, etc), assim como utilização de
Geralmente, existe realmente uma uma probabilidade de um moderado
ganho de peso, sendo que a média de ganho de peso após deixar de
fumar gira em torno de 2 a 4 kg. Deve-se ressaltar que cerca da
metade irá ganhar menos do que essa quantidade; alguns podem não
engordar, e alguns podem até emagrecer. Entretanto 1 em cada 10
fumantes pode ganhar de 11 à 13,5 kg ao deixar o cigarro.
A maior parte desse aumento de peso ocorre em média nos primeiros
seis meses após a cessação. Estabilizando-se após 1 ano.
Enfatizar ao fumante que ele contará sempre com o apoio de um
profissional de saúde qualificado, sempre disposto a apoiá-lo.
Dizer que a maioria dos fumantes tentam em média 3 a 5 vezes
antes de conseguir parar definitivamente.
Falta de apoio em casa, no trabalho, ou Procurar estimular a família, o colega de trabalho, ou outra pessoa que
Esse estímulo pode ser feito com fornecimento de material educativo,
via telefone, ou em uma entrevista pessoal.
Nesse caso faça o fumante reconhecer o forte elo que existe entre o
Muitos fumantes embora reconheçam fumante e o cigarro e a sua dificuldade em rompê-lo. Procure sinalizar
que precisam parar de fumar, se ao fumante que esse elo poderá ser rompido, e que o fumante poderá
buscar outras alternativas para substituir esse papel que o cigarro
representa na sua vida (técnicas de relaxamento, um hobby, atividades
afetiva com o cigarro associando a manuais e/ ou físicas, entre outras).
Barreiras Orientações a serem investigadas/observadas no fumante
Depressão e outras co-morbidades - Geralmente se o fumante apresenta como barreira uma co-morbidade
o profissional de saúde deve fazer as seguintes perguntas
(Caso seja identificado história ou 1. Já teve sintomas de depressão no passado e/ou teve
manifestações de depressão em tentativas anteriores de parar de
2. Como está se sentindo na última semana? Como se sentiu nos
últimos trinta dias? (deve ser investigada a presença de: cansaço,
desânimo, tristeza, sentimento de inutilidade e desesperança,
nervosismo, inquietação, irritação ou dores somáticas nos últimos
30 dias e ao longo da vida do paciente).
3. Já fez algum tipo de tratamento psiquiátrico?
4. Já fez uso de alguma medicação, mesmo que não prescrita por
5. Como está o seu sono? (investigue se o paciente apresenta insônia
6. Há presença de distúrbio psiquiátrico na família?
- Deve-se também observar se durante a consulta o paciente apresenta
agitação, pensamento e fala lentificados ou acelerados e capacidade
Caso seja identificado história ou passado de co-morbidade psiquiátrica
o clínico pode encaminhá-lo para receber apoio de um especialista.
Nessa 2ª situação também deve-se aplicar a repetição, ou seja a intervenção
motivacional deve ser repetida sempre que o paciente retornar para uma consulta, nesse caso o
profissional de saúde deverá novamente perguntar, avaliar e aconselhar.
3ª Situação: O Fumante em recaída.
A recaída é definida como a retomada do consumo de cigarros à mesma quantidade,
ou as vezes até superior à de antes da cessação.
Ao recair, o fumante sente-se envergonhado e com baixo auto estima, sendo assim é
fundamental que o profissional de saúde veja o tabagismo como uma doença crônica onde as
recidivas e remissões estão previstas.
Quando ocorre a recaída, ela deverá ser aceita sem críticas por parte do profissional
de saúde, mantendo atmosfera de confiança e apoio já demonstrada anteriormente. Nesse caso o
fumante deve ser estimulado a tentar de novo, avaliando as causas e circunstâncias do insucesso,
e transformando essas causas em sucesso.
Nessa 3ª situação, é importante lembrar ao fumante que parar de fumar é um
processo difícil, podendo envolver várias tentativas e recaídas, sendo que a média delas é de 3 a
5 tentativas antes de conseguir definitivamente.
Algumas perguntas são importantes para se ter uma exata noção do que ocorreu no
momento da recaída e poder ter argumentos convincentes para ajudar o fumante a tentar de novo:
Que situação o fez acender o primeiro cigarro?
Voltou a fumar a mesma quantidade que fumava antes da recaída?
É importante saber que quando um fumante está em processo de deixar o cigarro, e
ele fuma um ou alguns poucos cigarros e para novamente, isto não constitui uma recaída, mas sim
um episódio isolado, que é chamado de lapso.
Para evitar a recaída, o fumante deve ser estimulado a identificar as situações
rotineiras que o fazem fumar e traçar estratégias de enfrentamento dessas situações (por
exemplo: evitar café e álcool, substituindo-os por sucos naturais, bastante água, assim como
evitar encontros e reuniões com amigos fumantes em festas, bares e outros locais potencialmente
É importante também verificar se a situação de recaída necessita de uma abordagem
especializada (recaída devido a manifestação de sintomas de depressão, ou outras co-morbidades
psiquiátricas). Nesses casos o paciente deve ser encaminhado a um especialista.
4ª Situação: O Fumante em abstinência (ex-fumante).
Nessa 4ª situação é importante que o profissional de saúde reconheça o esforço,
parabenize e motive seu paciente a manter-se sem cigarro. Nesses casos é importante reforçar os
benefícios que ele vem apresentando desde a cessação como por exemplo melhoria da
capacidade física, e respiratória, na disposição e aspecto geral, no cheiro da roupa, do cabelo, do
É importante nesse momento também, verificar se existem barreiras ou desafios que
ameaçam a abstinência do fumante, portanto, pergunte:
Se existem situações que ainda o estimulem a fumar?
O que você tem feito para lidar com elas?
É preciso estar atento para que o fumante desenvolva habilidades para enfrentar as
situações de alto risco que estimulem a vontade de fumar, como por exemplo ver outras pessoas
fumando, beber com amigos, situações de tédio ou estressantes, pausas para o cafezinho, etc.;
nesses casos aconselhe o paciente para evitar a convivência com outros fumantes nas primeiras
semanas ou se preparar para dizer: não eu não fumo mais, obrigado, aconselhar a mudar de
ambiente para evitar fumantes; evitar o consumo de bebidas alcoólicas, fazer caminhadas ou
exercícios respiratórios ou exercícios de relaxamento corporal durante os momentos de muita
Tentar mudar o foco da atenção da vontade de fumar para algo que traga prazer ao
fumante, como por exemplo olhar uma paisagem, fazer um desenho, viajar ou tirar férias se
5ª Situação: O Fumante está pronto para a ação.
A partir dessa 5ª situação já se muda de estratégia passando a preparar o paciente
PREPARAR:
A estratégia de preparação consiste em ajudar o paciente a escolher o dia “D” da
parada (data da cessação do fumo) e realizar com ele um plano de ação, avaliando os motivos
que o levam a fumar e buscando caminhos para vencer esses motivos.
Nessa 5ª situação é preciso estar atento a alguns mitos que contribuem para que o
fumante sinta medo no momento de deixar o cigarro. Ofereça acompanhamento e esclareça o
Em relação ao medo dos sintomas de abstinência e a fissura, esclareça sobre esses
sintomas conforme já comentado no quadro 2 (Orientações a serem oferecidas ao fumante de
acordo com o tipo de barreira que se apresenta para ele partir para a ação).
Ao realizar junto com o fumante seu plano de ação, inicialmente planeje uma data a
partir da qual ele não fumará mais nenhum cigarro, lembre-se de informá-lo sobre os sintomas da
sindrome de abstinência, estimulando-o a distrair e resistir nesses duros momentos.
É importante informá-lo também sobre as diferentes formas de parada, para que ele
possa escolher a melhor maneira que lhe convier, porém, vale a pena ressaltar para os fumantes
que a parada abrupta, é a mais efetiva.
As maneiras existentes são: Parada Abrupta: (deixar de fumar radicalmente de um
dia para o outro); Redução Gradual: (fumar um número menor de cigarros a cada dia, até chegar
o dia em que não fumará mais nenhum cigarro); Adiamento Gradual: (adia a primeira hora em
que fuma o primeiro cigarro, progressivamente, até o dia em que não fuma mais nenhum). Tanto a
redução gradual como o adiamento gradual devem ser planejados de forma que não leve mais do
que 2 semanas, para o paciente fumar seu último cigarro.
Para preparar o paciente em relação ao medo de recair, o profissional de saúde deve
sempre rever com o fumante o passado ajudando-o a identificar os fatores que o levou a deixar
de fumar, assim como aqueles que dificultou nesse processo de cessação. Nessa fase deve-se
planejar e orientar estratégias para lidar com as situações que estimulam o paciente a fumar,
assim como orientá-lo a buscar alternativas para lidar com situações de estresse.
Um passo importante na preparação em relação ao medo de recair, consiste em
estimular o paciente a avisar seus familiares e amigos mais próximos sobre sua decisão em deixar
de fumar, e se possível eleger uma pessoa na qual ele confie, para apoiá-lo nos momentos mais
difíceis. É importante também lembrar aos fumantes que consomem bebidas alcoólicas, que ele
deverá evitá-las durante as primeiras semanas da cessação do tabagismo.
Na preparação do paciente quanto ao medo do ganho de peso, é interessante que o
fumante seja sempre informado sobre a grande probabilidade de um moderado ganho de peso,
que com certeza será menos prejudicial do que os riscos que ele correrá se continuar fumando.
Para reduzir o ganho de peso deve-se orientar o fumante a adotar uma alimentação
rica em frutas, legumes e verduras e reduzida em relação à gordura, frituras, assim como a prática
de atividades físicas como por exemplo a caminhada diária. Nessa fase não é aconselhável
orientar restrições alimentares rigorosas, para que todo esforço esteja centrado n cessação do
Logo após a fase da preparação, os fumantes que abandonaram o cigarro
necessitam de um acompanhamento nessa decisão, portanto, o passo seguinte que é
acompanhar o paciente, é de suma importância nesse processo de cessação do tabagismo.
ACOMPANHAR:
Quando o paciente para de fumar, ele deve ser acompanhado, a partir da data de
abandono do cigarro. Esse tipo de acompanhamento consiste em discutir os progressos e as
dificuldades vivenciadas pelo fumante no processo de cessação do tabagismo. O
acompanhamento é fundamental para que se obtenha sucesso com a abordagem do fumante,
pois é nessa fase que se fará toda uma sistematização para prevenir a recaída.
As primeiras semanas são fundamentais para que o paciente torne-se efetivamente
um ex-fumante, pois é nesse período que ele sente com maior intensidade os sintomas da
síndrome de abstinência. O fumante deve ser acompanhado durante pelo menos 1 ano após a
cessação do tabagismo, pois é durante esse primeiro ano que ele apresenta um maior risco de
Cada retorno do fumante é importante para que ele seja apoiado e acompanhado.
Lembre-se sempre de parabenizar o paciente pelos avanços alcançados, pois essa atitude
contribui para mantê-lo sempre motivado.
Nesses retornos deve-se perguntar sempre como o paciente se sente sem fumar,
ressaltando os benefícios obtidos e enfatizando que ele deverá sempre evitar dar uma tragada ou
acender um cigarro, e que ele deverá ter como lema: “Evite o primeiro cigarro, que você evitará
todos os outros”; e se ele voltar a fumar, ele poderá consumir o cigarro em quantidade superior à
que fumava antes, por ser um dependente de nicotina.
O profissional de saúde deve sempre lembrar, que caso haja uma recaída, ela não
pode ser recriminada, nessa fase de manutenção procure identificar quais as situações que ainda
representam uma ameaça para a manutenção da abstinência, procurando reforçar no paciente
Em qualquer fase é importante que o paciente analise e entenda os motivos que o
levam a fumar, para que se possa traçar um plano de ação no qual o fumante vai aprender a
substituir ou lidar com esses motivos sem fumar.
Outro tipo de terapia a ser utilizada é a Terapia Cognitiva-comportamental, o Consenso
sobre Abordagem e Tratamento do Fumante (2001)20, preconiza a Abordagem Cognitiva-
Comportamental como um dos métodos eficazes para cessação de fumar tendo em vista as
inúmeras evidências científicas que são suficientes para comprovar a eficácia desse tipo de
Cognição é o conjunto de pensamentos, crenças e atitudes que governam as ações, os
comportamentos de cada um de nós. A abordagem cognitiva busca esclarecer estes
pensamentos, crenças e atitudes ao invés de se dedicar a descobrir e interpretar o
A Abordagem Cognitiva-Comportamental combina intervenções cognitivas com treinamento
de habilidades comportamentais, consistindo em um tratamento psicológico que é apropriado para
muitos pacientes com reações psicológicas á doenças físicas. Os princípios dessa abordagem são
educar o paciente, ensinar técnicas básicas de relaxamento e controle da respiração, e
desenvolver habilidades para identificar e mudar opiniões, sentimentos, percepções e
Essa abordagem é muito utilizada para tratamento da dependência à nicotina20 e consiste
em oferecer ao fumante, informações sobre saúde, apoio psicológico, direcionamento para
modificar hábitos, tentando oferecer alternativas para a saída de momentos agradáveis ou
desagradáveis associados ao cigarro. Pode ser realizado individualmente ou em grupos. Estudos
demostram que a abordagem cognitiva comportamental se torna mais efetiva quando
acompanhada de terapia farmacológica15.
II- MÉTODO MEDICAMENTOSO
Fumantes com elevada dependência física de nicotina, geralmente se beneficiam com a
utilização de tratamento farmacológico, cujo objetivo é de aliviar a ausência da droga nicotina,
minimizando os sintomas da sindrome de abstinência10.
Assim como outras doenças crônicas a maioria dos tratamentos efetivos de dependência da
nicotina requer o uso de múltiplas modalidades medicamentosas38.
Está amplamente divulgado por inúmeros estudos que nem todo fumante apresenta uma
forte dependência da nicotina, portanto, torna-se importante salientar que o tratamento
medicamentoso só deve ser utilizado como um apoio para a abordagem comportamental, pois é
ela que constitui o eixo do sucesso no tratamento do fumante, sendo considerada a base para a
Se realmente, estiver comprovada a necessidade do uso de medicamento para que o
fumante alcance o sucesso no seu tratamento, alguns critérios devem ser tomados para
prescrição medicamentosa, que devem ser baseados no grau de dependência da nicotina, ou
seja, a farmacoterapia está indicada em casos de:
Pessoas que fumam 20 ou mais cigarros ao dia (fumantes pesados);
Pessoas que fumam no mínimo 10 cigarros por dia, e consomem o 1º cigarro até
Fumantes com escore do teste de Fargestrom. igual ou maior que 5, ou avaliação
individual, a critério do profissional;
- Fumantes que já tentaram parar de fumar anteriormente apenas com a
abordagem cognitiva comportamental, mas não obtiveram êxito devido a
Não haver contra-indicações clínicas.
O manual sobre normas de práticas clínicas no tratamento da dependência e uso do tabaco,
identificou para fins de cessação do tabagismo, 5 medicamentos de primeira linha (Bupropriona,
Adesivo de nicotina, Goma de nicotina, Spray nasal de nicotina e Inalador de nicotina) e 2
medicamentos de segunda linha (Clonidina e nortriptlina)38. No Brasil ainda não temos disponíveis
Para uma melhor compreensão será a seguir diferenciado dois grandes grupos de
tratamento do tipo farmacológico (terapias de reposição nicotínica e terapias não nicotínicas).
1- TERAPIAS DE REPOSIÇÃO DE NICOTINA:
A terapia de substituição da nicotina é considerado um tratamento de primeira linha para
pacientes que apresentam dependência à nicotina, e apresenta com o objetivo aliviar os sintomas
da sindrome de abstinência, aumentando a aderência do paciente20,33,34,35. É um método que
oferece ao tabagista apenas a nicotina como substância presente na fumaça do cigarro, sem
apresentar os inconvenientes das outras substâncias tóxicas contidas no fumo16,37.
Observações sobre os efeitos benéficos da terapia de reposição de nicotina em fumantes
em abstenção foram realizadas inicialmente em 196736, e hoje é o método de cessação de fumar
que apresenta o maior número de investigações rigorosamente científicas37.
O método de reposição da nicotina é considerado seguro, sendo o mais popular e o de
menor custo e pode ser aplicado por qualquer profissional de saúde, desde que devidamente
capacitado19. Esse método apresentou uma efetividade duas vezes maior em comparação com
placebo, dobrando portanto as taxas de sucesso ao longo dos meses de tratamento, além de ter
O Manual sobre Tratamento da Dependência e Uso do Tabaco na Prática Clínica, do
Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos, concluem através da meta-
análise de mais de 40 ensaios clínicos controlados com diversas formas de reposição de nicotina ,
que a terapia de reposição de nicotina é eficaz, seja utilizada isoladamente ou em conjunto com
outro método terapêutico38. A efetividade no tratamento do tabagismo poderá ser aumentada,
caso recursos terapêuticos como aconselhamento ou outra medicação for associada aos
Quando se faz o uso de repositores de nicotina, o profissional de saúde, deve estar atento
para não esquecer de recomendar que o fumante deve parar de fumar ao iniciar o tratamento
medicamentoso, pois o uso concomitante desse tipo de medicamento com o cigarro, mesmo que
seja em pequena quantidade pode aumentar o risco de complicações20,44.
A reposição de nicotina pode ser feita através de 4 vias (transdérmica, oral, nasal e aérea),
sendo que em nosso país as duas únicas formas de utilização de repositores de nicotina, é na
forma transdérmica com o uso de adesivos de nicotina e na forma oral com o uso de chiclete de
nicotina16, sendo que ambas as formas de consumo foram aprovadas para o uso sem a
ADESIVOS DE NICOTINA:
Esse tipo de tratamento medicamentoso consiste na fixação sobre a pele de disco adesivo
(retalho de polietileno contendo solução aquosa de nicotina a 30%)17,44. Essa substância é
absorvida pelo organismo, pela via transdérmica, até chegar à corrente sanguínea, onde libera
durante 24 horas, uma dose contínua e suficiente para reduzir os sintomas decorrentes da
sindrome de abstinência da nicotina, sendo que sua absorção é de 75% do total contido nos
adesivos, aumentando a sua concentração no sangue de maneira gradual, mantendo-se num
platô durante a maior parte do dia16,37,44.
O adesivo de nicotina é aplicado diariamente, geralmente começando com uma dosagem
mais elevada (dependendo do número de cigarros fumados), que é diminuída com a evolução do
Período de Tratamento e Forma de utilização do adesivo de nicotina: Esse tratamento
geralmente é feito em um período de 4 à 12 semanas de duração16, sendo que de acordo com o
resultado do teste de fargestrom e/ou o número de cigarros fumados é que se recomenda o
♦ Fumantes de mais de 1 maço (20 cigarros) ao dia, e/ ou que apresentaram como resultado do
teste de fargestrom o escore de 8 a 10, devem seguir o seguinte esquema de tratamento:
da 1ª à 4ª semana: utilização de 1 adesivo de 21 mg a cada 24 h.
da 5ª à 8ª semana: utilização de 1 adesivo de 14 mg a cada 24 h.
da 9ª à 12ª semana: utilização de 1 adesivo de 7 mg a cada 24 h.
♦ Fumantes de 10 a 20 cigarros ao dia, que iniciam o uso do 1º cigarro nos primeiros 30
minutos após acordar, e/ou apresentam como resultado do teste de fargestrom, o escore de 5
a 7, devem utilizar o seguinte esquema de tratamento:
da 1ª à 4ª semana: utilização de 1 adesivo de 14 mg a cada 24 h.
da 5ª à 8ª semana: utilização de 1 adesivo de 7 mg a cada 24 h.
Os adesivos sõ de uso fácil, devem ser trocados a cada 24 horas (geralmente após o
banho), devendo ser fixados em áreas preferenciais do corpo como por exemplo nos braços,
ombros e peitos, em sistema de rodízio (que diminui a irritação cutânea), procurando locais com
Geralmente o organismo absorve 75% do total da nicotina contida no adesivo, sobrando
portanto em torno de 25% ao ser substituído por um outro disco, fato que mantém uma absorção
constante, garantindo a manutenção permanente da concentração da nicotina no sangue durante
É importante salientar que para fumantes que apresentam uma dependência muito elevada
de nicotina, poderá ser utilizado dois adesivos de 21 mg, concomitantes, somando 42 mg, desde
Contra Indicações do adesivo de nicotina:
Doenças dermatológicas que impeçam a aplicação do adesivo, período de 15 dias após
episódio de infarto agudo do miocárdio, angina instável ou determinadas arritmias, gestante e
período da amamentação, menores de dezoito anos19,20.
Efeitos Colaterais com o uso do adesivo de nicotina:
As reações adversas mais comumente encontradas são: irritação cutânea (coceira e
pinicação no local da aplicação), assim como um leve edema. Aparece também, as vezes,
cefaléia, náusea , diarréia, dor muscular e alterações da visão, sendo que a maior parte dessas
reações desaparecem com a evolução do tratamento45,46. O adesivo de nicotina, é a forma de
reposição mais indicada por apresentar menos efeitos colaterais do que os demais métodos19.
GOMA DE MASCAR DE NICOTINA:
Esse tipo de tratamento foi a primeira terapia de reposição de nicotina desenvolvido, e
aprovado pelo FDA, e somente no final da década de 80 é que a nicotina começou a ser utilizada
na forma de chiclete, sendo que atualmente já possuímos inúmeros estudos e experiências sobre
Esse produto apresenta-se sob a forma de tabletes, que contém um complexo de resina e
nicotina, tamponado em ph alcalino, possibilitando uma elevação da absorção da nicotina pela
mucosa oral, e essa nicotina ingerida através do trato gastrointestinal é intensamente
metabolizada na primeira passagem através do fígado, a resina também permite a liberação de
cerca de 90% da nicotina nos primeiros 20 a 30 minutos de uso16, 17,44.
Através dessa via de tratamento, as concentrações de nicotina no plasma não são
contínuas, não existindo meio de uniformizar essas concentrações, pois sua liberação varia
Geralmente o fumante que faz o uso da goma de marcar de nicotina refere ser necessário
alguns dias de adaptação ao tratamento, pois seu início é bastante desagradável44.
Esse método de tratamento atinge maiores índices de abstinência à longo prazo se feita em
regime fixo de administração, como por exemplo a cada hora enquanto acordado47.
Geralmente esse método é indicado para os dependentes de nicotina que apresenta muita
fissura, sendo que a efetividade desse tratamento depende muito da sua correta utilização44.
Período de tratamento e forma de utilização da goma de nicotina:
Esse método de tratamento geralmente é feito de 8 à 12 semanas, não se recomendando
prolongar o tratamento mais do que quatro meses, embora se pode chegar aos 6 e até 9 meses,
prazo máximo de tempo recomendado para o seu uso37,44, muito embora, tenha-se verificado
A goma deve ser mascada vigorosamente por 20 a 30 minutos, geralmente até sentir um
formigamento, ou o sabor da nicotina, quando então para-se de mascar e a deixa reservada entre
a bochecha e a gengiva até que o sabor da nicotina ou o formigamento acabe, voltando a mascá-
la fortemente por mais 30 minutos e ai sim desprezá-la20,.
Pelo fato da absorção da nicotina na mucosa oral ser diminuída pelo ambiente ácido, não se
deve usar bebidas ácidas como café, refrigerantes e alguns sucos, aliás, recomenda-se que
imediatamente antes, durante, ou imediatamente após o uso da goma não se deve beber nenhum
A maioria dos pacientes costumam mastigar de 10 a 15 gomas por dia para alcançar a
abstinência, não sendo recomendado ultrapassar o uso de mais de 20 gomas ao dia19.
É recomendado o seguinte esquema de utilização da goma de nicotina20:
♦ Fumantes de até 1 maço (20 cigarros) ao dia, e que fumam se 1º cigarro nos primeiros 30
minutos após acordar, devem seguir o seguinte esquema:
da 1ª à 4ª semana: utilização de 1 tablete de 2 mg a cada 1 a 2 h.
da 5ª à 8ª semana: utilização de 1 tablete de 2 mg a cada 2 a 4 h.
da 9ª à 12ª semana: utilização de 1 tablete de 2 mg a cada 4 a 8 h.
♦ Fumantes de mais de 1 maço (20 cigarros) ao dia, devem seguir o seguinte esquema de
da 1ª à 4ª semana: utilização de 1 tablete de 4 mg a cada 1 a 2 h.
da 5ª à 8ª semana: utilização de 1 tablete de 2 mg a cada 2 a 4 h.
da 9ª à 12ª semana: utilização de 1 tablete de 2 mg a cada 4 a 8 h.
Contra Indicações do uso da goma de mascar de nicotina:
Período de 15 dias após episódio de infarto agudo do miocárdio, angina pectoris, arritimias
cardíacas, acidente vascular encefálico, úlcera péptica, incapacidade de mascar (pacientes que
usam prótese dentária), gravidez, período de amamentação, menores de 18 anos16,19,20.
Efeitos Colaterais com o uso da goma de mascar de nicotina:
A maioria dos efeitos são raramente encontrados e dificilmente impedem o uso, porém,
como reações adversas, são relatados casos de fadiga mandibular (deixando a mandíbula
dolorosa), hipersalivação, irritação da garganta, náusea, azia, vomito, soluços, ulceração nas
gengivas, amolecimento dos dentes, desconforto gastrointestinal, hálito e gosto desagradável,
sendo que alguns pacientes podem apresentar risco de dependência da goma de mascar,
Geralmente a tolerância para a maioria desses efeitos é desenvolvida na primeira semana
Estudo realizado por Fargestrom e colaboradores, demonstrou que pacientes que
receberam o uso conjunto de adesivos e gomas de nicotina, obtiveram maior alívio da sindrome
de abstinência, quando comparado com os pacientes que utilizaram cada um desses
2- TERAPIAS NÃO NICOTÍNICAS
São aqueles métodos medicamentosos que não utilizam a reposição da nicotina como
forma de tratamento, sendo que as mais conhecidas são a bupropiona (considerado
medicamento de primeira linha) e a nortriplina e a clonidina ( considerados medicamentos de
BUPROPRIONA:
A bupropiona é conhecida originalmente como um antidepressivo atípico, que age inibindo a
recaptação da norepinefrina, da serotonina e da dopamina, aumentando as concentrações
intersticiais desta última no nucleus accumbens, sendo que seus efeitos como eficaz no
tratamento do tabagismo, foi percebido, durante ensaios clínicos para verificação de sua eficácia
antidepressiva, pois os fumantes que utilizavam esse medicamento relatavam diminuição da
Embora o mecanismo de ação da bupropiona no processo de cessação do tabagismo seja
desconhecida, pressume-se que sua ação seja mediada por mecanismos noradrenérgicos e
dopaminérgicos, no cérebro, agindo diretamente na diminuição de um dos mais importantes
sintoma da sindrome de abstinência que é a fissura (craving)41, 44,50,51,52,54.
A Bupropiona atua diminuindo os níveis da monoamina oxidase B (MAO B), tendo a função
de minimizar os sintomas da sindrome de abstinência54.
Esse medicamento apresenta metabolismo hepático e é eliminada em grande parte pela
urina e cerca de 10% através das fezes56.
O uso desse medicamento modifica o sabor do cigarro e diminui a percepção de satisfação
decorrente do uso do tabaco, e ao contrário dos medicamentos de reposição de nicotina, seu uso
A Bupropiona é indicada para fumantes adultos que usam 15 ou mais cigarros/dia, sendo
que a indicação é ainda mais precisa para pacientes fumantes que apresentam depressão53.
Período de tratamento e forma de utilização da Bupropiona:
Esse método de tratamento geralmente é feito de 7 a 12 semanas, sendo que o uso do
cigarro deve ser interrompido no 8º dia, após o início da medicação20,54.
O início do tratamento com bupropiona deve ser indicado enquanto o paciente ainda esta
fumando, já que é necessária aproximadamente uma semana de tratamento para atingir níveis
sanguíneos estáveis desse medicamento54.
♦ É recomendado o seguinte esquema para a utilização da Bupropiona20:
1comprimido de 150 mg pela manhã nos três primeiros dias.
1 comprimido de 150 mg pela manhã e outro comprimido de 150 mg, 8 horas
após, a partir do 4º dia, até completar 12 semanas.
Aconselha-se que o segundo comprimido seja ingerido até o final da tarde ou início da noite
(por volta das 18:00 horas) pelo fato de que geralmente esta droga produz insônia11.
É aconselhado também que a dose máxima desse medicamento seja de 300 mg/dia20,44,54.
Contra Indicações do uso da Bupropiona:
É contra-indicada em pacientes com história anterior de desordens convulsivas (crises
epiléticas, traumatismo craniencefálico, retirada recente de álcool, convulsão febril na infância),
desordens alimentares (bulemia ou anorexia nervosa) , uso de outras formas de medicamento
que contenha bupropiona HIC (wellbutrin), uso concomitante ou recente (dentro dos últimos 14
dias) de inibidores da MAO, doença cerebro vascular, tumor do sistema nervoso central19,20,54.
Algumas outras contra indicações relativas também são relatadas20, como por exemplo uso
de antidepressivos, corticosteróides sistêmicos, antipisicóticos, carbamazepina, pseudoefedrina,
cimetidina, hipoglicemiante oral ou insulina, barbitúricos e casos de hipertensão não controlada.
Efeitos Colaterais com o uso da Bupropiona:
Entre as reações adversas citadas, a insonia é a mais comum, sendo mais frequente nas
duas primeiras semanas, relata-se também boca seca, cefaléia, náusea e dermatite.
Grande parte dessas reações adversas são semelhantes aos sintomas associados à
sindrome de abstinência à nicotina, tornando-se mais discretos com o decorrer do tratamento55.
Nos pacientes que fazem o uso da Bupropiona, é recomendado que a pressão arterial seja
constantemente verificada, pois estudos realizados mostaram que pacientes usuários desse tipo
de medicamento sofreram um aumento da incidência de hipertensão ou piora no quadro da
NORTRIPTILINA:
Esse método é reconhecido como um medicamento de segunda linha, e é um
antidepressivo tricíclico noradrenérgico que pode ser utilizado por pacientes não depressivos em
A nortriptlina inibe a recaptação de noradrenalina e da dopamina no sistema nervoso
central, produzindo um efeito antidepressivo19, apresenta eficácia inferior a bupropiona e
necessita de monitoração dos seus níveis sanguíneos, como vantagem apresenta o fato de ter um
Estudo realizado em 1998, apresenta resultados que demonstram que a nortriptilina é
efetiva apenas no seguimento de avalliação de curto prazo59. Foi notado que o tratamento longo
com a nortriptilina facilita a função adrenérgica pós-sináptica, levando a um efeito ansiolítico.
Período de tratamento e forma de utilização da Nortriptilina:
O período de tratamento da nortriptilina é de 8 a 12 semanas, suas dosagens são de 10mg,
Contra Indicações do uso da nortriptilina:
As principais contra indicações são o uso de monoaminooxidase e diagnóstico prévio de
Efeitos Colaterais com o uso da nortriptilina:
Os principais efeitos colaterais são visão turva, sedação, arritimias e xerostomia59.
CLONIDINA
A Clonidina (Antesina), também é reconhecida como um medicamento de segunda
linha19,20, é um agonista alfa –2 pós-sináptico que diminui a atividade simpática que se origina no
lócus ceruleus, sendo que sua suspensão radical pode levar a crises hipertensivas60.
Período de tratamento e forma de utilização da Clonidina:
O período de tratamento da Clonidina é de 8 a 12 semanas, suas dosagens são de 10mg,
A função da clonidina é aliviar os sintomas da síndrome de abstinência como ansiedade,
irritabilidade, cansaço e a fissura (craving)61.
Contra Indicações do uso da Clonidina:
Efeitos Colaterais com o uso da Clonidina:
Sedação, hipotensão arterial, hipotensão ortostática.
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What Schools Need to Know About Preventing The Flu the Spread of. About Flu Influenza, commonly called “the flu,” is a contagious respiratory illness caused by influenza viruses. Infection withinfluenza viruses can result in illness ranging from mild to severe and to life-threatening complications. Five hundredout of 100,000 children with high-risk conditions (such as heart disease or
10_ch08_pre-calculas12_wncp_solution.qxd 5/23/12 4:24 PM Page 32 R E V I E W, p a g e s 7 5 4 – 7 5 8 1. A penny, a dime, and a loonie are in one bag. A nickel, a quarter, and a toonie are in another bag. Tessa removes 1 coin from each bag. Usea graphic organizer to list the total amounts she could haveremoved. Use an organized list. 1¢ ؉ 5¢ ؍ 6¢ 10¢ ؉ 5¢ ؍ 15¢ $1