Infl uência do treinamento físico sob parâmetros metabólicos e ósseos de ratos submetidos à administração de dexametasona.
José Alexandre Leme 1, José Rodrigo Pauli2,, Daniel Manuel Crespilho1, Ricardo José Gomes3, Eliete Luciano e Maria Alice de
1 UNESP, Rio Claro, Brasil2 UNICAMP, Campinas, São Paulo-Brasil 3 FCELIFUL, Registro, São Paulo-Brasil4 USP, Rio Claro, São Paulo-Brasil
Leme, J. A .; Pauli, J. R.; Crespilho, D. M.;
Gomes, R. J.; Luciano, E.; Mello, M. A. (2006). Infl uência do treinamento físico sob parâme- tros metabólicos e ósseos de ratos submetidos à administração de dexametasona. Motricidade 2 (1): 1-12.
O objetivo do estudo foi verifi car os efeitos do trei-
namento físico associado à administração de dexame-
tasona sobre o metabolismo de carboidratos e tecido
ósseo. Ratos Wistar foram divididos nos grupos: con-
trole sedentário, controle treinado, dexametasona
sedentário e dexametasona treinado. Os ratos foram
submetidos ao treinamento de natação associado à
administração de dexametasona por dez semanas.
Antes do sacrifício os ratos receberam insulina sub-
cutânea para o cálculo da taxa de remoção de gli-
cose. Amostras de sangue foram obtidas no fi nal do
experimento para determinação da glicose, insulina e
ácidos graxos livres. O tecido muscular foi utilizado
para determinação do glicogênio e o tecido adiposo
epididimal para avaliação do peso. Observamos, que
administração de dexametasona provocou resistência
à insulina e o treinamento reverteu este aspecto. O
exercício físico promoveu aumento nos estoques de
glicogênio no músculo e reduziu os níveis de AGL.
Além disso, a dexametasona provocou diminuição nos
parâmetros relacionados ao tecido ósseo e o exercício
promoveu uma evolução normal deste tecido. Com
estes resultados obtidos concluímos que: a) a expo-
sição crônica a estes esteróides está associada com a
resistência à insulina. b) o exercício regular de natação
Palavras Chave: treinamento físico, dexametasona,
aumenta a sensitividade à insulina. Além disso, a dexa-
metasona administrada desfavorece o desenvolvimento
ósseo e o exercício utilizado foi sufi ciente para impe-
dir os efeitos da dexametasona sob o tecido ósseo em
Infl uence of physical training on metabolic and bones parameters of dexamethasone admi- nistered rats.
The aim of this study was to investigate the effects of
physical training associated to dexamethasone admi-
nistration in carbohydrate metabolism and bone tis-
sue. Young Wistar rats were divided into four groups:
sedentary control (CS), sedentary dexamethasone
(DxS), trained control (CT) and trained dexametha-
sone (DxT). The rats were submitted to swimming
training associated to administration of dexametha-
sone for ten weekends. Before sacrifi ce the rats recei-
ved subcutaneous insulin to calculate the maximum
decreased in blood glucose. Venous blood samples were
obtained after the experimental period to determine
glucose, insulin and free fatty acids. Gastrocnemius
muscle samples were used to assess glycogen, and adi-
pose epididimal tissue was used to measure the weight.
The dexamethasone administration increased insulin
resistance while the physical training has counterac-
ted that effect. Training promoted increases in muscle
glycogen store and a high utilization of free fatty acids.
Moreover, the dexamethasone has impaired bone
development and aerobic physical exercise promoted
normal evolution on bone tissue. The results led us to
conclude that: a) chronic exposure to steroid was asso-
ciated with insulin resitance; b) the regular swimming
exercise promoted increased insulin sensitivity. Addi-
tionally, exercise seemed able to prevent effects of long
term dexamethasone administration on bone tissue.
Key Words: physical training, dexamethasone, meta-
Treinamento físico, metabolismo e dexametasona. José Alexandre Leme, José Rodrigo Pauli, Daniel Manuel Crespilho, Ricardo José Gomes, Eliete Luciano e Maria Alice de Mello
Glicocorticóides (GCs) são hormônios do
Por outro lado, diversos autores vêm demons-
estresse que modulam um número grande de
trando que o exercício físico promove diversos
ações fi siológicas envolvendo processos metabó-
benefícios à saúde, resultando em melhoras na
licos, infl amatórios, cardiovascular e comporta-
sensibilidade à insulina, no perfi l lipídico e favo-
mental. Estes esteróides são amplamente utiliza-
rece o desenvolvimento do tecido ósseo tanto
dos no tratamento de doenças autoimunes, asma,
em humanos5,6 quanto em animais7,8. Isso porque
esclerose múltipla e doenças renais crônicas. Os
o exercício é efetivo em proporcionar melhoria
efeitos adversos dessas drogas, entretanto, são dra-
na ação da insulina, redução nos níveis de coles-
máticas, e incluem resistência à insulina, dislipi-
terol ruim e em manter a densidade mineral dos
demias, hipertensão arterial, acelerada perda de
ossos em mulheres prematuramente acometidas
pela menopausa, tendo sido proposto para a pre-
O uso de doses excessivas destes esteróides con-
venção em longo prazo da osteoporose8.
duz a osteopenia e osteoporose, o que aumenta o
Muitos modelos de exercícios animais têm sido
risco de fraturas ósseas. As ações destes esteróides
usados para examinar o efeito preventivo ou de
nas células ósseas em diferentes modelos experi-
recuperação da atividade física sob a massa óssea
mentais são complexas e dependem da concen-
em diversos experimentos. Estudos com animais
tração do esteróide, diferenças entre espécies, da
utilizando exercício voluntário em roda gigante9,
interação com outros hormônios, o estágio de
saltos8, corrida em esteira10 escalada voluntária11,12,
maturação do osteoblasto. No entanto, sabe-se,
natação13, tem evidenciado efeito benéfi co do
que a administração de doses elevadas de dexa-
metasona resulta em diminuição da formação
No entanto, há necessidade de mais estudos que
óssea pela inibição na proliferação e promoção
investiguem os efeitos do treinamento físico regu-
de apoptose das células osteoblásticas3.
lar sob organismos administrados com dexame-
Os modelos experimentais descritos na lite-
tasona por períodos extensivos de tempo. Desse
ratura que utilizaram a dexametasona têm sido
modo, os objetivos do presente estudo foram: a)
baseado na utilização de doses excessivas, sem
investigar os efeitos do treinamento físico sob a
levar em consideração seus possíveis efeitos cola-
resistência à insulina induzida pela administração
terais e o aumento da pressão arterial que pode
de dexametasona b) Estudar os possíveis efei-
afetar a mensuração da resistência à insulina pela
tos do exercício físico sob alguns parâmetros do
alteração periférica de fl uxo sanguíneo. Com um
tecido ósseo de ratos administrados com baixas
modelo de baixas doses de dexametasona Seve-
doses de dexametasona durante um longo perí-
rino e colaboradores4, verifi caram que a resis-
tência insulina antecede a elevação da pressão arterial e, os efeitos catabólicos evidenciados em outras pesquisas estão ausentes. No entanto, tais observações foram realizadas num período de 28 dias, e é possível que mesmo em baixas doses esta droga por um longo período além de causar efeitos adversos no metabolismo intermediário, conduza a perda de massa óssea.
Amostra Para o desenvolvimento deste estudo utilizamos
de treinamento perdurou por 10 semanas, coinci-
ratos machos jovens Wistar (Rattus Norvegicus
dentes com a administração da dexametasona.
albinus Wistar) com aproximadamente 65 dias.
Na 1º semana os ratos iniciaram o treinamento
Os animais permaneceram alocados em gaiolas
nadando 20 minutos sem nenhuma sobrecarga
coletivas (com 5 ratos) no Biotério do Laborató-
adicional ao seu peso corporal, sendo então,
rio de Biodinâmica do Departamento de Educa-
acrescentado 10 min/dia de exercício de natação,
ção Física do Instituto de Biociências – UNESP
até completar 1 hora por sessão. Após esse perí-
– Rio Claro. Nessas condições os ratos foram ali-
odo de adaptação, foi acrescentada a sobrecarga
mentados com ração balanceada padrão (Purina )
ao treinamento, sendo esta semanalmente aferida
para roedores e água “ad libitum” e mantidos à
e ajustada em 5% em relação ao peso do animal.
temperatura ambiente controlada de 25º C, sob
O propósito da adaptação foi reduzir o estresse
ciclo periódico claro e escuro de 12h claro/12h
dos animais frente ao exercício físico realizado
escuro. Todos os experimentos foram realizados
de acordo com as normas de experimentação
As sessões de natação foram realizadas em tan-
que de amianto com 100cm de comprimento, 70cm de largura e 60cm de altura, contendo água
numa profundidade de 40cm, para evitar que os ratos apoiassem a cauda no fundo do recipiente.
Os animais foram distribuídos randomicamente
Foram colocados no máximo 8 animais nadando
em quatro grupos de 10 ratos denominados:
ao mesmo tempo em cada recipiente. A tempera-
• Controle Sedentário (CS): constituído de ratos
tura da água foi mantida entre 31° e 32ºC por ser
normais que não foram submetidos ao protocolo
considerada termicamente neutra em relação à
de treinamento físico e/ou administração de
temperatura corporal do rato. As sessões de treino
eram realizadas sempre no fi nal da tarde entre
• Controle Treinado (CT): constituído de ratos
normais que foram submetidos somente ao pro-tocolo de treinamento físico;
• Dexametasona Sedentário (DxS): constituído de
Os animais foram administrados com decadron®
ratos que foram submetidos somente à adminis-
(dexametasona) na concentração de 2µg diluído
em 150µl de NaCl - 0,9%, via subcutânea, 5 dias
• Dexametasona Treinado (DxT): ratos que foram
por semana, durante 10 semanas consecutivas. O
submetidos ao protocolo de treinamento físico e
uso de baixas doses de dexametasona na ordem
de microgramas por dia é sugerida por Severino e colaboradores4. Protocolo de treinamento físicoO protocolo de exercício consistiu de natação
5 vezes/semana, 1hora/dia, com sobrecarga de 5% em relação ao peso corporal, que foi acoplada com elástico ao tronco dos animais. O período
Treinamento físico, metabolismo e dexametasona. José Alexandre Leme, José Rodrigo Pauli, Daniel Manuel Crespilho, Ricardo José Gomes, Eliete Luciano e Maria Alice de Mello
Durante as 10 semanas de estudo foi avaliado
Foram determinados os teores séricos de gli-
semanalmente o peso corporal dos animais, regis-
cose14, ácidos graxos livres (AGL)15 e insulina16.
trados em planilha eletrônica. Para averiguação da evolução do peso foi realizada a subtração entre o
peso fi nal e inicial obtido em cada grupo expe-
O glicogênio muscular foi avaliado pelo método
rimental. O comprimento dos animais através da
fenol em meio ácido descrito por Dubois e cola-
distância focinho-ânus foi realizado um dia antes
boradores16 com posterior leitura em espectrofo-
tômetro. O tecido adiposo epididimal foi pesado utilizando-se balança analítica. O peso relativo
foi determinado dividindo-se o valor obtido na
Para a caracterização da resistência à insulina foi
pesagem pelo peso total do animal no dia do
realizado na 9° semana de experimento o teste
de tolerância à insulina (TTI) após 36 horas da última sessão de exercício e sob abstinência da
dexametasona no mesmo intervalo de tempo.
As tíbias foram retiradas, radiografadas e avalia-
Para determinação dos níveis basais de glicose
das em mesa digitalizadora acoplada a um com-
foi feito um corte na extremidade da cauda. Para
putador com programa adequado para avaliação
obtenção dos outros pontos da curva do TTI,
injetou-se insulina na dose de 30mU/100g de
peso corpóreo, via subcutânea, em cada animal.
As tíbias foram medidas para avaliar seu compri-
Após 30, 60, 90 minutos foi coletado sangue da
mento e foram pesadas em balança analítica.
mesma forma descrita para os valores basais. Foi calculada a constante para o desaparecimento da
glicose sérica (Kitt) a partir da fórmula 0,693/t1/2. A glicose sérica t1/2 foi calculada pela
A análise estatística foi feita por ANOVA e apli-
inclinação da reta obtida através da análise dos
cação do teste de post-hoc de Newman-Keuls,
mínimos quadrados das concentrações séricas de
onde adequado, com nível de signifi cância pré-
glicose 0-60 min após a administração da insu-
lina (quando a concentração sérica de glicose cai linearmente).
Ao fi nal do período experimental, os animais
foram mantidos em repouso por 36 horas em relação à última sessão de exercício, sem jejum prévio. No mesmo período não foi administrada a dexametasona. Após o sacrifício dos animais foram retiradas amostras teciduais e de sangue para serem avaliadas.
Podemos observar na tabela 1, que o ganho
Tabela I. Ganho de peso (ǻp) e Comprimento cor-
de peso e o comprimento corporal dos ani-
poral (focinho-ânus, cm) após as 10 semanas de expe-
mais foram semelhantes durante as 10 semanas
rimento nos diferentes grupos de ratos. Resultados
de experimento. Os níveis de glicose e insulina
expressos como média ± desvio padrão. (CS = con-
sérica também não se mostram diferentes entre
trole sedentário; CT = controle treinado; DxS = dexa-
os grupos estudados. Quanto à concentração
metasona sedentário; DxT = dexametasona treinado).
de ácidos graxos livres (AGL) observa-se valo-res maiores deste substrato nos animais sedentá-rios quando comparado com os ratos treinados (Tabela 2). CS (n=10) CT (n=10) DxS (n=10) DxT (n=10) Comprimento corporal
p <0,05, a. CS; b. CT; c. DxS
O peso relativo do tecido adiposo epididimal
Tabela II. Valores da glicose, insulina e ácidos graxos
foi reduzido nos animais treinados, como pode
livres séricos após as 10 semanas de experimento nos
ser visto na tabela 3. Verifi ca-se, que os animais
diferentes grupos de ratos. Resultados expressos como
submetidos ao protocolo de exercício de natação
média ± desvio padrão. (CS = controle sedentário; CT
obtiveram menor depósito de gordura quando
= controle treinado; DxS = dexametasona sedentário;
comparado aos animais sedentários. Os animais
treinados apresentaram ainda maior teor de gli-cogênio no músculo gastrocnêmio em relação aos ratos sedentários.
Tabela II CS (n=10) CT (n=10) DxS (n=10) DxT (n=10) Glicose (mg/dL) Insulina (µUI/mL) Ácidos graxos livres
p <0,05, a. CS; b. CT; c. DxS
Treinamento físico, metabolismo e dexametasona. José Alexandre Leme, José Rodrigo Pauli, Daniel Manuel Crespilho, Ricardo José Gomes, Eliete Luciano e Maria Alice de Mello
Tabela III. Valores do peso do tecido adiposo epidi-
no grupo dexametasona sedentário. O exercício,
dimal e níveis de glicogênio do músculo gastrocnêmio
portanto, foi capaz de reverter este aspecto. Situ-
após 10 semanas experimentais nos diferentes grupos
ação semelhante aconteceu em relação ao com-
de ratos. Resultados expressos como média ± desvio
primento ósseo, podendo ser observado o efeito
padrão. (CS = controle sedentário; CT = controle trei-
negativo do esteróide no grupo dexametasona
nado; DxS = dexametasona sedentário; DxT = dexa-
sedentário e o benefício do exercício de nata-
ção para o desenvolvimento normal deste tecido
Tabela III CS (n=10) CT (n=10) DxS (n=10) DxT (n=10) Gordura epididimal (mg/100g p.c.) Glicogênio do músculo (mg/100mg)
p <0,05, a. CS; b. CT; c. DxS
Em relação ao teste de tolerância á insulina
nos animais treinados. Confi rmando os resulta-
(TTI) os maiores valores séricos de glicose foram
dos anteriores, verifi ca-se que a área da tíbia foi
encontrados nos animais sedentários que recebe-
menor nos animais sedentários que foram admi-
ram a dexametasona durante as 10 semanas do
nistrados com dexametasona e o exercício físico
experimento (Figura 1). Isto é resultante da resis-
foi efi ciente em prevenir o efeito desfavorável da
Os valores referentes aos parâmetros do tecido
ósseo se encontram apresentados na tabela 4. Conforme se pode ver, a aplicação da dexame-tasona foi sufi ciente para diminuir o peso ósseo
Taxa de desaparecimento da glicose (KITT)
Figura 1. Taxa de desaparecimento da glicose (K ITT) após 60 minutos do teste (% por minuto) dos ratos na 9º
semana do experimento. Resultados expressos como média ± desvio padrão. (CS = controle sedentário; CT = con-
trole treinado; DxS = dexametasona sedentário; DxT = dexametasona treinado).
Tabela IV. Peso, comprimento e área óssea após 10
ção de repouso. Este resultado demonstra que o
semanas de experimento nos diferentes grupos de
organismo destes animais mantém a homeostase
ratos. Resultados expressos como média ± desvio
da glicose. Entretanto, o exercício físico reali-
padrão. (CS = controle sedentário; CT = controle trei-
zado durante 10 semanas promoveu o aumento
nado; DxS = dexametasona sedentário; DxT = dexa-
da reservas glicídicas do músculo gastrocnêmio
evidenciado pelo maior depósito de glicogênio muscular entre os animais treinados. Esta adapta-
Tabela IV CS (n=10) CT (n=10) DxS (n=10) DxT (n=10) Peso ósseo (g) Comprimento ósseo (mm) Área óssea (cm2)
p <0,05, a. CS; b. CT; c. DxS
ção é extremamente importante para o trabalho físico, uma vez que, o nível inicial deste substrato
Observamos através dos resultados que não
pode determinar o tempo de surgimento da
houve prejuízo em relação ao crescimento cor-
fadiga, sendo que, o aumento pode prorrogar a
poral entre os grupos avaliados, tendo em vista
realização da atividade física, melhorando assim
que os animais apresentaram tamanhos seme-
lhantes ao fi nal do experimento. A evolução do
O aumento deste substrato glicídico no músculo
peso corporal dos animais também foram seme-
gastrocnêmio dos animais pode estar relacionado
lhantes entre os grupos. Tal fato demonstra que
as adaptações que o exercício promove sobre o
o treinamento físico não afetou negativamente
metabolismo oxidativo, direcionando o uso de
os animais e reforça os possíveis benefícios do
outros substratos energéticos como, observado
exercício sobre a manutenção ou redução da gor-
em nosso estudo, pela redução dos níveis de áci-
dura corporal, uma vez que, os animais treinados
dos graxos livres entre os animais treinados em
apresentaram menor acúmulo de tecido adiposo
relação aos sedentários, poupando assim, a gli-
epididimal quando comparados aos grupos de
cose, já que a homeostase glicêmica é fundamen-
ratos sedentários. Este fato talvez possa justifi car
tal aos tecidos dependentes desta hexose como, o
as observações feitas por outros pesquisadores17,18,
quando afi rmam que o treinamento aeróbio
Desse modo, pode-se dizer que o exercício de
regular colabora com a perda de gordura.
natação de 10 semanas, com sobrecarga de 5%
Os glicocorticóides exercem importante ação
em relação ao peso corporal, causou adaptações
sobre o metabolismo dos carboidratos. Acarre-
importantes sobre o metabolismo, confi rmando a
tam aumento da glicemia, atuando na captação,
efetividade deste protocolo de treinamento físico
consumo periférico e produção de glicose19. Em
no aumento do glicogênio muscular e redução
nosso trabalho, não detectamos diferenças signi-
fi cativas na glicose sérica dos animais na condi-
Em relação aos efeitos da dexametasona no
Treinamento físico, metabolismo e dexametasona. José Alexandre Leme, José Rodrigo Pauli, Daniel Manuel Crespilho, Ricardo José Gomes, Eliete Luciano e Maria Alice de Mello
metabolismo glicídico, observa-se, que a sensi-
licas, que podem favorecer a entrada de glicose na
bilidade insulínica estimada pelo teste de tole-
célula23,24. Kunitomi, Houmard e seus colabora-
rância à insulina foi signifi cativamente dimi-
dores24,25 reportaram que os exercícios realizados
nuída nos ratos sedentários administrados com
regularmente têm efeito favorável no controle da
dexametasona. Estes resultados estão de acordo
glicemia, demonstrando que a ação da insulina é
com Severino e colaboradores4 que observaram
mais efi caz nos fi sicamente ativos quando com-
após 30 minutos da infusão de insulina redução
signifi cativa da sensitividade à insulina nos ratos
A insulinoresistência induzida pelo uso de dexa-
tratados com dexametasona quando comparados
metasona está também associada ao aumento
com o grupo controle nos 6º, 12º e 26º dias de
das concentrações plasmáticas deste hormônio.
experimento. Similar resultado foi obtido pelos
Entretanto, os resultados encontrados na litera-
autores quando estimaram a sensibilidade à insu-
tura são controversos. O aumento4,26,27,28, a não
lina através do “steady-state” de glicose plasmá-
alteração29,30 e a diminuição31,32 da secreção de
tica durante a infusão glicose/insulina. A glicemia
durante as 3 horas de teste foi signifi cativamente
Em nosso estudo, não detectamos diferenças
maior nos ratos administrados com o esteróide.
signifi cativas na insulina sérica após período de
Os mecanismos pelos quais os glicocorticóides
repouso e abstinência da dexametasona por 36
exercem seus efeitos ainda não estão comple-
horas entre os grupos estudados. Tais divergên-
tamente elucidados. É possível que a dexame-
cias entre os resultados não são facilmente com-
tasona atue diretamente em tecidos periféricos
preendidas, mas parecem depender da dose do
resultando na resistência à insulina ou, alterna-
glicocorticóide e da duração do tratamento2, da
tivamente através de mudanças na concentração
propensão do animal em desenvolver o diabetes
plasmática de glicose e de ácidos graxos livres,
e da estimulação usada in vitro33. No presente
como observado durante a administração de gli-
estudo, acreditamos que a ausência de diferença
cocorticóide19,21. A redução na síntese de óxido
entre os grupos esteja relacionada com a baixa
nítrico e conseqüente alteração de fl uxo sanguí-
concentração de dexametasona utilizada.
neo periférico também pode estar relacionada ao
Além das implicações sobre o metabolismo
desenvolvimento da insulinoresistência quando
intermediário, a administração de glicocorticói-
des provoca alterações sobre a massa óssea3,34,
Além disso, a resistência à insulina em decor-
podendo induzir osteoporose35. Por outro lado,
rência do uso de glicocorticóides, por sua vez,
o exercício físico pode reduzir a perda, promover
pode ser provocada por alterações nos receptores
manutenção ou aumentar a densidade mineral
da insulina ou nas enzimas envolvidas nas vias de
óssea. Matsuo e colaboradores11, demonstraram
sinalização, sugerindo um mecanismo molecular
que o exercício de escalada voluntária de baixa
multifatorial para a resistência ao hormônio no
intensidade aumenta a massa e força óssea signi-
fi cativamente pelo aumento da formação óssea
Em nosso estudo, verifi ca-se que os animais
durante o crescimento em ratas osteopênicas ova-
submetidos ao exercício de natação regular
rioectomizadas. Resultados semelhantes foram
reverteram este aspecto, ou seja, não apresentam
encontrados por Notomi e colaboradores7 em
prejuízo na ação da insulina como verifi cado no
ratos osteopênicos pelo processo de envelheci-
teste de tolerância ao hormônio. Tal resultado
mento e que apresentaram melhora na densidade
demonstra a efetividade da prática sistemática de
óssea após período de treinamento.
atividade física em promover alterações metabó-
Em nosso estudo, a administração de dexame-
tasona durante 10 semanas infl uenciou negativa-
aumento do IGF-1 e IGFBP-3, acreditando ser
mente o processo de remodelamento ósseo. De
estes os principais causadores deste aumento da
acordo com os nossos resultados, verifi ca-se que
o uso deste esteróide conduz a um menor desen-
Em contra partida tem sido observado alterações
volvimento ósseo mesmo quando administrado
nos níveis de IGF-1 tanto em animais quanto em
em baixas concentrações por um longo perí-
humanos tratados com glicocorticóides. A apli-
odo de tempo. Por outro lado, o protocolo de
cação de dexametasona causou diminuição de
exercício físico de intensidade leve a moderada
crescimento ósseo e IGF-1 sérico em frangos42. A
utilizado foi sufi ciente para reverter signifi cativa-
interação entre a alterações no IGF-1 plasmático
mente este efeito, tendo os animais treinados um
e retardo no crescimento em crianças tratadas
desenvolvimento ósseo semelhante aos ratos con-
com dexametasona também foi reportado por
troles. Tal fato justifi ca a idéia de outros pesquisa-
Bloomfi eld e equipe43. No entanto, Huysman e
dores que enfatizam a importância da prática de
colaboradores39 não encontraram alterações no
exercícios físicos regulares para a manutenção da
IGF-1 sérico em apenas duas doses de 0.3 mg/kg
massa óssea principalmente no processo de enve-
de dexametasona em crianças. Sendo, portanto,
necessários mais estudos sobre o assunto.
Parece bastante evidente, que o exercício de
De acordo com os nossos resultados, pode-
natação consegue melhorar alguns aspectos rela-
se dizer, que o exercício de natação promove
cionados ao metabolismo ósseo, e portanto, pode
adaptações importantes sobre o metabolismo
ser benéfi co quando se faz uso de dexametasona,
melhorando a captação de glicose e promo-
que mesmo em baixa concentração acarreta pre-
vendo redução nos níveis de AGL séricos e do
conteúdo de gordura epididimal, o que possi-
A ação negativa da dexametasona no tecido
velmente, contribui na prevenção da resistência
ósseo tem sido observada em alguns estudos quer
à insulina. Tais aspectos são importantíssimos, já
seja pela diminuição de marcadores como oste-
que a resistência periférica á insulina representa
ocalcina e fosfatase alcalina, diminuição do GH
o principal defeito na manutenção da glicemia e
sérico ou alterações no IGF-1 e IGFBP-338,39.
é comumente acompanhada por uma variedade
O exercício, no entanto, favorece o aumento da
de anormalidades metabólicas e cardiovasculares
massa e da força 7, densidade mineral 36 e resis-
incluindo hipertensão, intolerância á glicose, dia-
betes do tipo 2, dislipidemia, aterosclerose, obesi-
O fator de crescimento semelhante à insulina
dade central, características presentes na síndrome
(IGF) está altamente relacionado ao crescimento
metabólica44, e que aumentam as defi ciências
ósseo. Aumento do IGF pelo exercício tem sido
físicas e diminuem a expectativa de vida. Além
apontado por diversos pesquisadores. Em estudos
disso, o exercício de natação foi sufi ciente para
com grupos diabéticos e controles subdividi-
provocar melhoras sobre o metabolismo ósseo e
dos em treinados e sedentários, Gomes e cola-
deve ser pensado como um elemento preventivo
boradores13 observaram que apos 6 semanas de
treinamento com natação ocorreu aumento dos níveis de IGF-1. SCHMID e equipe40 também
estudando células ósseas de ratos, encontraram aumento da síntese de proteína transportadora do
José Alexandre Curiacos de Almeida Leme Resi-
IGF (IGFBP-3). Gomes e colaboradores41 encon-
dente na Av. Armando de Salles, nº 1574, Centro,
trou aumento na área total das tíbias, bem como
Piracicaba, São Paulo – Brasil. CEP:13400000. Treinamento físico, metabolismo e dexametasona. José Alexandre Leme, José Rodrigo Pauli, Daniel Manuel Crespilho, Ricardo José Gomes, Eliete Luciano e Maria Alice de Mello
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ETUDE DE CAS Mr T. Julien, 35 ans, a été admis en Unité de préparation à la sortie le 19/12/2005 en vue d’une réintégration de son appartement personnel après stabilisation de son état, suite à une recrudescence de ses troubles hallucinatoires à type de persécution. Mr T. Julien a 3 frères, une sœur et un enfant mort d’une maladie génétique (en juin 2000). Il évoque lor