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Depressão: Hora de pedir ajuda

A doença se caracteriza por uma tristeza e desinteresse absoluto pela vida. Ela é
diagnosticada em 10% da população com maior freqüência no sexo feminino. A proporção
é de duas mulheres para cada homem. Não há distinção social nem racial. A depressão pode
ser fatal: 15 % dos deprimidos se suicidam. Quanto mais cedo se buscar ajuda, mais eficaz
é a recuperação do paciente. Convidamos para falar do assunto Renata Sayuri Tamada, 31
anos, médica psiquiatra do Hospital da Clínicas de São Paulo, que atualmente prepara tese
de mestrado sobre Distúrbios Afetivos pela Faculdade de Medicina da USP.
Os Sintomas: O que é a Depressão?

A depressão é uma doença que pode começar de repente ou tão devagar que a pessoa mal
percebe. A principal característica é a alteração do humor: sente-se tristeza, melancolia,
ansiedade sem motivo aparente ou, às vezes, há uma razão específica para tudo isso mas
que é sentida de maneira desproporcional. A tristeza passa a ser tão intensa que a pessoa
deixa de viver sua vida.
Além de alteração do humor pode haver também outros sintomas como a alteração do sono,
cansaço, diminuição do apetite, redução de peso, desânimo, desinteresse pelas coisas e
isolamento dos familiares e amigos. A depressão causa dificuldade cognitiva, produzindo
desatenção e falta de atenção nas tarefas do lar e do trabalho. Pouco a pouco, a doença
interfere cada vez mais na vida da pessoa, que começa a produzir menos, passa a faltar ao
trabalho, e, por fim, não sai mais de casa. Em quadros mais graves, é possível se apresentar
delírios – como, por exemplo, de doenças graves - e alucinações, como ouvir vozes e ver
coisas que não existem. O suicídio pode se tornar para o deprimido a solução para o fim do
seu sofrimento.
Tristeza ou depressão?

Como diferenciar um quadro depressivo de um sentimento passageiro de tristeza? Para
saber se o que sentimos é doença, devemos considerar duas coisas. A primeira é a
quantidade de sintomas apresentados e a sua intensidade. A segunda é o quanto isso
prejudica nossa vida. Porque quando, por exemplo, perdemos alguém querido é normal
ficar triste. Às vezes, ficamos sem dormir e perdemos o apetite por alguns dias. Porém,
pouco a pouco vamos nos recuperando. Já com a pessoa deprimida, este quadro não passa,
os sintomas se mantém ou, às vezes, até pioram e a pessoa não consegue voltar à sua rotina.
Agentes Desencadeadores
Quais as causas mais freqüentes para a doença? Razões biológicas ou emocionais?
A causa da depressão é multifatorial. O primeiro fator da depressão é o biológico, ou seja ,
o da hereditariedade. Uma pessoa que tem um parente com depressão, o risco de
desenvolver o problema é maior. Outro fator é o ambiental, ou seja, os eventos que
acontecem em torno da pessoa e que podem desencadear o aparecimento da doença como a
perda do emprego ou a morte de um filho. Por último, depende de como o indivíduo reage
aos problemas da vida. Alguém com predisposição genética que vive um fato estressante e
que não consegue lidar com esta questão, pode acabar desenvolvendo a doença.
Antidepressivos
Qual o tratamento adequado para a depressão?
Já que a depressão é uma doença biológica é preciso tratá- la com medicação. Os remédios
atuam no cérebro, mais especificamente, no sistema nervoso central, e buscam o
reequilíbrio das substâncias cerebrais, os chamados neurotransmissores. Aqueles associados
à depressão são a serotonina e a noradrenalina. Inicialmente achava-se que a depressão era
causada por uma diminuição dos níveis destas substâncias. Atualmente se sabe que o
mecanismo da doença é muito mais complexo e inclui a alteração do número de receptores
da serotonina e noradrenalina e de seu funcionamento além da alteração do nível
intracelular.
Quando o uso de antidepressivos é aconselhado e quais os efeitos colaterais decorrentes da
medicação? Qual a realidade sobre as novas drogas?
O mais importante é assinalar que a depressão precisa ser tratada individualemente. Cada
caso exige um tratamento diferente com um remédio específico e com uma dose particular,
já que não existe uma medida padrão de antidepressivo. Os antidepressivos mais antigos
são os tricíclicos como a Imipramina (Tofranil) e a Clomipramina (Anafranil). Embora
bastante eficazes, estes tipos de medicação provocam diversos efeitos colaterais como boca
seca, tontura, tremor, sedação, perda do desejo sexual, taquicardia, dentre outros, sendo que
alguns pacientes não conseguem tolerar a medicação. Neste sentido, buscou-se drogas mais
específicas que pudessem reduzir os efeitos colaterais, mas que oferecessem a mesma
eficácia. Surgiram assim os inibidores seletivos da recaptação de serotonina como a
Fluoxetina (Prozac) e a Sertralina (Zoloft) e os inibidores seletivos da serotonina e
noradrenalina como a Venlaxina (Efexor) e a Mirtazapina (Remeron). Estas medicações
podem ser usadas sozinhas ou em associação de dois ou mais antidepressivos. A avaliação
é individual sempre.
Psicoterapia

Qual o papel da psicoterapia no tratamento da depressão?
A psicoterapia associada ao antidepressivo parece ser o melhor tratamento. O deprimido
tem predisposição hereditária mas geralmente algum evento desencadeia a doença. A
psicoterapia ajuda a avaliar o impacto do acontecimento para que a pessoa possa viver com
esta realidade. Outro papel é o de reintegrar o paciente ao seu cotidiano, já que a doença
interrompe a vida da pessoa por algum tempo, em alguns casos crônicos, por alguns anos.
Sempre buscar ajuda

Como e quando a família e os amigos de um doente podem e devem interferir se o paciente
se nega a se tratar?
Quando a doença é insidiosa, a pessoa pode não percebê-la. Quem vê a mudança é alguém
que está fora, familiares ou amigos. É difícil convencer a pessoa de que está doente, porque
não existe nenhum exame que comprove o seu estado. O apoio e insistência da família é
muito importante. Em casos mais graves, o paciente nem consegue pedir ajuda porque está
apático e a inércia é dominante. Nestes casos, a família precisa intervir e levar o indivíduo
ao tratamento.
Mundo do Trabalho
Como este distúrbio é visto pela medicina do trabalho? O problema é compreendido pelos
médicos e pela empresa? Qual a conduta mais indicada para as empresas?
Na classe médica não existe resistência nenhuma em conceder licença à pessoa deprimida
já que se trata de uma doença. Entretanto existe muito preconceito por parte do deprimido
em aceitar ajuda, pois ao procurar um psiquiatra os outros podem o rotular de louco. O que
o chefe pode pensar dele? Será que vai demiti- lo? A melhor alternativa é que a empresa
esteja aberta para enfrentar qualquer doença, principalmente os distúrbios psiquiátricos, que
prejudicam o desempenho e a qualidade de vida da pessoa. Quanto mais aberta estiver a
empresa, mais se vai sentir a vontade para procurar ajuda. Quanto mais cedo se fizer,
manos prejuízo para o empregado, e consequentemente para a empresa também.

Source: http://www.mindperformance.com.br/mind/SITE_MINDZINE/RSS/FaladoEspecialista/Depressao.pdf

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